FRAGMENTOS
Duarte Pinto-Coelho apresentou quatro projectos complementares, que se integram numa única e ampla intervenção urbanística, na entrada Nascente de Cascais, junto ao mar. Uma profunda operação urbanística que revoluciona o quarteirão e se extende temporalmente ao longo de dez anos - 2015 a 2025 - entre projectos e obra, compreendendo distintas e complexas operações e fases de projecto envolvendo múltiplas entidades.
Os quatro projectos, executados em diferentes fases, correspondem à re-localização e reconfiguração do shopping existente, sobre a cobertura do qual se estabeleceram generosos espaços exteriores, a reorganização das estruturas viárias do quarteirão e subsequentes edificações de blocos de habitação multi-familiares. Uma profunda operação urbanística que transformou radicalmente o quarteirão e a sua relação com a cidade envolvente, bem como a importante entrada na cidade, através da Avenida Marginal.
PLANO HUMANO
Helena Vieira e Pedro Ferreira apresentaram quatro projectos, todos programas multi-familiares - Sesimbra, Barreiro e Mafra - à excepção do último projecto, uma habitação uni-familiar em Praia d’El Rey.
Os projectos multi-familiares consistem em operações de considerável escala urbana, conjuntos habitacionais com diversos fogos que estabelecem novas relações com as respectivas envolventes, procurando criar um equilíbrio com estas através da distribuição e desfasamento dos volumes, seja nas coberturas ou nas fachadas, ou ambos, e através das respectivas materialidades, nomeadamente na utilização da madeira, do tijolo e betão aparentes, bem como da predominância de vegetação.
O quarto projecto, em Praia d’El Rey, evidenciou a mesma preocupação de integração, numa zona próxima do mar, aplicando os mesmos princípios a uma menor escala.
EXTRASTUDIO
João Ferrão e João Costa Ribeiro apresentaram diversos projectos, de diferentes escalas, e partilharam uma visão inquieta sobre o “estado de espírito” que acompanha a actividade de Projecto e a realidade da construção em Portugal.
Habitações uni-familiares na sua maioria, mostraram também projectos ao nível da intervenção urbana, habitação multi-familiar, serviços e hotelaria, nos diversos “estados” que compõem o ciclo da obra arquitectónica, nomeadamente a fase de Estudo, Licenciamento, Execução e Obra, partilhando em cada projecto o seu actual estado e as dificuldades operativas, a vários níveis, presentes em muitos dos projectos apresentados, o que invariavelmente origina atrasos significativos até à concretização final da Obra.
BICA
Inês Cortesão apresentou dois projectos, ambos programas de habitação uni-familiar e reveladores de uma preocupação ecológica com a envolvente e na relação desta com o Habitar.
O primeiro projecto, uma casa em Tróia, assenta sobre uma operação de landscaping na qual se recuperam as areias “sobrantes” das intervenções no terreno, utilizando-as para estabelecer um embasamento para a casa, ao mesmo tempo propiciando condições para um habitat natural para as espécies autóctones. Uma paliçada de madeira complementa este embasamento de areia e envolve toda a casa, que se estabelece num eixo longitudinal claro e luminoso.
No segundo projecto, uma reabilitação em Castelo de Vide, os maciços rochosos em granito e as ruínas no mesmo material, que envolvem a casa existente, são aproveitados nas fachadas das novas construções, que funcionarão como um embasamento da construção existente.
TERNULLOMELO
Pedro Teixeira de Melo apresentou quatro projectos. Os três primeiros projectos, moradias uni-familiares em Alcoutim, Cartaxo e Cascais, evidenciaram todos um cuidado na relação entre a construção e a envolvente, preocupação ainda mais premente nos casos de Alcoutim e Cartaxo, onde a envolvente corresponde a paisagens menos urbanizadas e a vegetação possui ainda um papel predominante. Ficou clara uma preocupação transversal com a integração das moradias e relação com o exterior, a vários níveis, concretamente na operação sobre as cotas de relação das casas com os respectivos terrenos, nas alturas das edificações e na sua materialidade, sempre tentando uma integração natural com o entorno.
O projecto final, um Centro de Dia para idosos com Alzheimer, possui uma presença forte mas cuidadosamente integrada na paisagem urbana de Casto Marim, no qual se tentou proporcionar “calor” aos diferentes espaços de um edifício com um programa necessariamente securitário, através da luz abundante e de materiais “quentes" que permitiram atribuir conforto aos espaços.
RUA
Francisco Freitas e Luís Valente apresentaram dois projectos, uma habitação uni-familiar em Galamares e equipamento urbano da reabilitação da Praça de Espanha.
A implantação da habitação resulta da implantação “possível” no lote - uma forma geométrica essencial, um quadrado, ao qual se aplica um “chanfro” necessário. Estabelecem-se depois uma série de variações sobre esta base, nomeadamente nos “cantos” e no núcleo, criando-se um fio condutor sobre o qual serão definidas a distribuição interna, as ligações com o exterior, as fachadas e os diversos espaços.
O segundo projecto, a reabilitação dos acessos à estação de metro da Praça de Espanha e a cafeteria complementar à superfície, estabelecem uma ligação de continuidade com os espaços urbanos envolventes resultantes da intervenção de Paisagismo na praça e percursos viários, da autoria do atelier de Paisagismo NPK.
Duas palas de betão cobrem os acessos ao metro e a nova cafeteria, sinalizando a sua posição mas também protegendo e recebendo os utilizadores. A utilização predominante do betão, desactivado ou polido, estabelece uma forte ligação com os espaços